sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Prefiro a moda retrô. O bullyng em questão.

Esta é uma polêmica sobre o bullyng.

Há algum tempo, hora ou outra, me pego pensando e questionando sobre o chamado bullyng. Este conceito, recém criado mas já bastante difundido entre nós, remete-se originariamente ao espaço e a convivência escolar entre os estudantes. Ele é um termo utilizado para descrever atos de violência intencionais, física e psicológica, que por ventura aconteçam entre alunos.

Todavia, formas mais atuais de tratar do assunto, expandem o conceito para outros espaços de convivência humana e outro sujeitos sociais como: trabalhadores no ambiente do trabalho, estudantes universitários ou vizinhos de bairro. Cabe destacar que o bulling ter como alvo também grupos de indivíduos.

Acho interessante estudar e registrar as formas de violências contemporânea – que retratam em última instancia a faceta doentia da nossa atual sociedade – mas tenho grande receio que o bullyng mascare as diferentes expressões da opressão a que somos submetidos cotidianamente.

O que quero afirmar com isso? Quero dizer que observo frequentemente notícias do dito bullyng que na verdade são expressão do machismo, da homofobia, do racismo, da xenofobia e de outras formas de opressão. Não sei se os mais novos pensadores decidiram colocar no mesmo saco as diferentes farinhas – porque sim, são farinhas do mesmo saco que servem, na atualidade, somente para explorar mais ainda segmentos específicos da classe trabalhadora – ou se se existe uma tentativa velada de mascarar as estratégias da burguesia para manter seus privilégios.

Conforme blog especifico sobre bullyng, divulgado mais adiante : “De acordo com a pesquisa sobre preconceito e discriminação no ambiente escolar, realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas econômicas (Fipe), a pedido do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), negros, pobres e homossexuais estão entre as principais vítimas de agressões físicas, acusações injustas e humilhações nas escolas públicas.”.

Opa?! Será que isso é bullyng mesmo?!

A modernidade e seu pensamento mais atual tem trazido muitos elementos conservadores e reacionários sob nova roupagem. Neo conservadores e pós-modernos tentam disfarçar os equívocos passados, passiveis de superação, através de um esforço peculiar e cuidadoso para a elaboração e difusão “novos” pensamentos.

Como isso se passa no cotidiano ? Qual a relação com o bullyng ? Bom, é muito mais fácil dizer que o Joãozinho cometeu bullyng do que afirmar que vivemos numa sociedade opressora que formou o Joaozinho – ainda tão pequeno – n’um menino machista e homofóbico, por exemplo.

Vivemos em uma sociedade que nos impõe um padrão de beleza, de sexualidade, de relacionamento e de sociabilidade, que expressa todo preconceito acumulado até então. Apesar disso, é possível observar esforços para disfarçar os diferentes tipos de preconceitos, afinal, é mais bonito e chique a palavra bullyng do que preconceito. Já que o vocábulo preconceito está impregnado de associações ruins (ser chamado de preconceituoso pode ser uma ofensa para alguns), inventemos outro para que as práticas opressoras e preconceituosas possam continuar existindo de forma atenuada.

Para algumas coisas gosto do tradicional, por isso, acho importante que tentemos analisar a realidade a partir dos seus elementos contemporâneos, todavia, temos que ter o cuidado de não apagar da nossa história o acumulo de críticas e reflexões necessárias à transformação da nossa sociedade.

Abaixo, deixo algumas matérias marcantes que mostram como o bullyng, na verdade, era uma forma de opressão:

http://revistasamuel.uol.com.br/blogs/transtudo/the-unslut-project-diario-de-uma-adolescente-contra-o-bullying-misogino/

http://bullyingceft.blogspot.com.br/2011/04/negros-sofrem-mais-com-o-bullying.html

http://educacao.uol.com.br/noticias/2013/08/08/mae-registra-bo-apos-filho-ser-chamado-de-felix-pela-professora.htm